- – Projeto Caminhos do Mar aposta no turismo como estratégia para a conservação de espécies ameaçadas de extinção e a geração de renda no litoral catarinense
- – Cinco roteiros turísticos serão implementados em parceria com a comunidade local, evidenciando os principais atrativos da região
- – Com seus ecossistemas variados, como manguezais, restingas e florestas de Mata Atlântica, a baía é um berçário natural para espécies como guarás, botos-cinza e a toninha
Crédito da imagem: João Rosa
Um grupo de profissionais ligados à Universidade da Região de Joinville (Univille), em parceria inédita com o Instituto Federal Catarinense de São Francisco do Sul e o apoio da Fundação Grupo Boticário, quer colocar a Baía Babitonga em destaque no mapa do turismo de observação de natureza (TEON) no Brasil. Com o projeto Caminhos do Mar – Turismo de Natureza para a Conservação da Baía Babitonga, os pesquisadores estão gerando as bases técnicas para que a observação da exuberante natureza da região, localizada no litoral norte de Santa Catarina, seja realizada de forma segura e sustentável.
Até o final deste ano, devem estar prontos os protocolos para o turismo embarcado para a observação de fauna e os roteiros turísticos para a observação de aves e golfinhos, além de um curso de capacitação para operadores de turismo locais. Com a conclusão dos diversos diagnósticos dos atrativos da região, estão em desenvolvimento cinco roteiros turísticos para serem implementados em parceria com a comunidade local.
A região da Baía Babitonga é um verdadeiro santuário para diversas espécies de animais. Com seus ecossistemas variados, como manguezais, restingas, florestas de Mata Atlântica e 160 km² de lâmina d’água, a região é um berçário natural para diversas espécies, incluindo muitas de interesse comercial e outras ameaçadas de extinção, como guarás, botos-cinza e a toninha, o golfinho em maior risco de extinção no Brasil.
“Todo esse potencial natural se soma ao fato de a região encontrar-se próxima a grandes centros urbanos, estando a pouco mais de uma hora de um aeroporto, por exemplo, e com facilidade de acesso rodoviário”, comenta Marta Cremer, professora da Univille e coordenadora do projeto, que há mais de 20 anos desenvolve pesquisas na Baía Babitonga. Apesar de todos os atrativos e belezas cênicas, a região é pouco conhecida pelo público interessado no turismo em áreas naturais, pois ainda não existem roteiros autorizados pelos órgãos de proteção ambiental e nem serviços regulares disponíveis aos turistas.Reforçando o potencial do turismo sustentável a ser desenvolvido, a professora acrescenta que a região compõe a rede de portais da Grande Reserva Mata Atlântica (GRMA), área considerada como maior remanescente contínuo do bioma, que engloba 60 municípios entre a Serra do Mar e o litoral dos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
A força do Turismo de Observação da Natureza
Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, o turismo de natureza movimenta cerca de R$ 3,6 bilhões por ano no país. “Esse tipo de turismo é uma tendência no mundo todo, com grandes possibilidades de utilização sustentável dos recursos naturais, o que traz um novo olhar para os territórios. A atividade turística contribui para uma mudança de perspectiva dos atores locais, que passam a perceber a biodiversidade como uma oportunidade de negócios, gerando renda com o uso indireto dos recursos”, explica Cremer.
Aliando economia restaurativa e conservação do meio ambiente, o TEON é uma estratégia para incentivar o surgimento de novos negócios, tendo a sustentabilidade e o respeito à natureza como norte. “O projeto Caminhos do Mar é um exemplo de como é possível aliar a pesquisa científica ao desenvolvimento socioeconômico, com inovação e o fomento a negócios de impacto socioambiental positivo. Em um país tão rico em biodiversidade, precisamos encontrar alternativas para o desenvolvimento sustentável, gerando renda para as comunidades ao mesmo tempo em que conservamos nossos ecossistemas e contribuímos para a preservação das espécies”, afirma Marion Silva, gerente de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário.
Sobre a Fundação Grupo Boticário
Com 33 anos de história, a Fundação Grupo Boticário é uma das principais fundações empresariais do Brasil que atuam para proteger a natureza brasileira. A instituição atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e em políticas públicas e apoia ações que aproximem diferentes atores e mecanismos em busca de soluções para os principais desafios ambientais, sociais e econômicos. Já apoiou cerca de 1.600 iniciativas em todos os biomas no país. Protege duas áreas de Mata Atlântica e Cerrado – os biomas mais ameaçados do Brasil –, somando 11 mil hectares, o equivalente a 70 Parques do Ibirapuera. Com mais de 1,2 milhão de seguidores nas redes sociais, busca também aproximar a natureza do cotidiano das pessoas. A Fundação é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial.